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Carta aos partidos da Federação Brasil da Esperança (PT, PV e PCdoB) e Federação PSOL – Rede



Por uma campanha eleitoral feminista e antirracista

com protagonismo das mulheres negras


A Aliança Feminismo Popular é recente, mas a história de quem faz parte dela é longa. Nossa unidade numa aliança começou em 2020, devido a necessidade de nos fortalecermos frente ao cenário da pandemia e de fome que o Brasil voltou a enfrentar depois do governo genocida de Bolsonaro. Com o objetivo de potencializar as ações de solidariedade às mulheres de algumas comunidades de Porto Alegre, falávamos que a nossa luta era vacina contra o coronavírus e comida contra o vírus da fome.


Somos, portanto, um coletivo feminista que tem atuado nas periferias de Porto Alegre numa ação para que não falte comida na mesa das famílias mais pobres, a maioria chefiada por mulheres, como iniciativas como hortas comunitárias e cozinhas coletivas.


Nossa Aliança é formada pelo Movimento dos Trabalhadores e das Trabalhadoras Sem Teto, a Marcha Mundial das Mulheres e a Amigos da Terra Brasil em que atuamos na busca de fortalecer o debate sobre a conjuntura excludente e desigual que vivemos e lançar o olhar feminista neste quadro de exclusão e morte.


Trabalhamos duro denunciando os avanços das políticas neoliberais e os impactos nas nossas vidas, e desde o início de nossa unidade nutrimos a esperança real em chegarmos em 2022 na construção de tantas outras alianças quanto pudéssemos para ver derrotados os projetos neoliberais, fascistas, racistas e misóginos destes governos.


Ficamos felizes com a construção da Federação Brasil da Esperança, a coligação com a Federação PSOL-Rede no RS e todos os apoios que Lula e Edegar têm recebido e que chegaram a uma composição forte em nome de um futuro para todas as pessoas do Rio Grande do Sul e do Brasil. E isto é real, para que possamos voltar a ver nossas e nossos jovens saindo da periferia e indo para a universidade com segurança, que as políticas públicas de renda e inclusão retornem ao Brasil e principalmente que possamos nos orgulhar novamente de termos o povo representado no poder.


Assim como não fazemos nosso trabalho com uma única organização ou uma única militante, acreditamos que um governo realmente democrático e popular não se faz só com uma sigla. Mas a chapa que nos representará no RS irá refletir todas as caras e cores de nosso povo com mulheres e homens, pessoas não-binárias e pessoas pretas. Mas infelizmente não é isto que estamos assistindo.


Não ficamos apenas tristes em nos sentirmos excluídas, nós mulheres, mas decepcionadas que assim como em outros momentos em nome de uma “causa maior” não só as pautas das mulheres foram esquecidas, mas principalmente a nossa voz não foi e não será ouvida.


Não queremos que falem por nós, pois sabemos falar e temos o que dizer, assim como temos mulheres que nos representam. Nada sobre nós sem nós.


Não recuaremos em nossa luta pois só iremos construir uma sociedade verdadeiramente democrática quando as mulheres estiverem em tantos espaços de poder e representação quanto os homens.


Por isso, queremos fazer um apelo ao bom senso e também para reorganizar o equilíbrio das representações na chapa majoritária com a indicação de uma mulher negra em espaço de destaque e não como prêmio de consolação.


Temos nítido que isto ainda será pouco, poderíamos ser metade, mas é um movimento importantíssimo neste momento, pois falar em igualdade é fácil - difícil é colocar na prática. Falar em luta antirracista parece igualmente fácil, difícil é trazemos isto para a vida real. Mas igualdade e representatividade só ocorrerão de fato na medida que nós ocupemos pelo menos a metade dos espaços de poder. Manteremos a esperança que para nós mulheres não tenha recaído apenas a invisibilidade, o constrangimento e o silêncio.


Esperamos que todos os Partidos das Federações que formam a Unidade Popular na esquerda tão solicitada pela militância de base no RS, novamente sentem e acordem que o momento é de construção e de avanço, momento fundamental para que a maioria do povo que passa fome neste estado se reconheça em nossa candidatura e isso não será possível com a atual configuração dada. Chegou a hora de todos, todas e todes que estão na esquerda mostrar que entendem o tamanho do desafio e dar o passo necessário para a real avanço da representatividade do conjunto de nossas candidatas e candidatos.


Porto Alegre, 3 de agosto de 2022

Militantes feministas da Aliança Feminismo Popular

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