Em live de lançamento da Aliança Feminismo Popular, grupo destaca ações de solidariedade na pandemia
Representantes Amigos da Terra Brasil (ATBr), da Marcha Mundial de Mulheres (MMM), do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) e do MPA (Movimento dos Pequenos Agricultores) participaram de um debate virtual veiculado pelo jornal Brasil de Fato na noite de quarta-feira, dia 14 de abril, para falar sobre as ações solidárias organizadas pela Aliança Feminismo Popular no Rio Grande do Sul. A articulação, formada desde o final de 2020 por MMM, MTST e ATBr, se organiza a partir do contexto de empobrecimento social e descaso estatal com as crises sistêmicas que se aprofundam com a pandemia do coronavírus.
Entre as ações, relataram a entrega de cestas de alimentos a famílias do Morro da Cruz e da Vila Nazaré em Porto Alegre (RS) no dia 10 de abril. Mais de 130 famílias foram beneficiadas com os alimentos adquiridos junto a pequenos agricultores do MPA e do MST (Movimento Sem Terra). Além de verduras e frutas agroecológicos doados pelos feirantes da Feira dos Agricultores Ecologistas de Porto Alegre. 🌾🌽🥬🥕
4 horas de ação global em 24 de Abril: mulheres na luta por vacina, pelo direito à saúde e contra Bolsonaro e o neoliberalismo
No debate da noite desta última quarta, as representantes das organizações também falaram sobre a próxima agenda de luta da Aliança Feminismo Popular em 24 de Abril. Mulheres de todo o mundo estarão mobilizadas por 24h exigindo a quebra das patentes das vacinas, pelo direito à saúde e contra as Transnacionais, que tanto exploram os trabalhadores e quebram os comércios locais.
O 24 de Abril se tornou um dia de luta desde 2013, quando 1.138 trabalhadoras e trabalhadores morreram e outros 2.500 ficaram feridos em decorrência do desabamento de uma fábrica têxtil em Bangladesh. Um dia antes o prédio tinha apresentado rachaduras e, mesmo assim, os patrões obrigaram os trabalhadores a irem trabalhar. Cerca de 80% das pessoas que morreram eram mulheres. Cláudia Prates, da MMM, ressaltou que até hoje não houve Justiça para as vítimas e suas famílias, e as corporações prosseguem impunes e explorando cada vez mais as pessoas e a natureza. “A partir de 2013, a Marcha Mundial de Mulheres tomou este dia para fazer uma grande reflexão e lutar contra a exploração das trabalhadoras e dos trabalhadores pelas transnacionais”, disse.
Neste ano, no Brasil, as 24h de Solidariedade e de Ação Feminista Internacional foca ainda a saúde, a luta pela vacina e se coloca contra Bolsonaro. Tica Moreno, também da MMM, aponta que a pandemia escancarou o conflito do capital contra a vida. “A gente fica indignada com os empresários brasileiros aplaudindo o Bolsonaro e esta política de morte e com o lucro das empresas transnacionais. A gente sabe que os donos do capital estão lucrando com a pandemia e que este lucro só é possível com a exploração do trabalho e com este modelo de agronegócio que envenena e expulsa as pessoas de seus territórios, destruindo seus modos de vida”, criticou.
Uma questão central deste 24 de Abril, explicou Tica, é a luta do Brasil e dos países pobres da parte Sul do mundo pelo direito à saúde e acesso às vacinas. Neste momento da pandemia, em que a distribuição da vacina está concentrada nos países ricos do Norte, é fundamental quebrar as patentes das grandes farmacêuticas a fim de baratear o custo dos medicamentos e da vacina aos países mais pobres e aumentar a produção do imunizante contra o COVID-19. “Sabemos muito bem que quando não se tem saúde pública, é o trabalho e a energia das mulheres já sobrecarregadas [que é afetado]. É este cuidado que sustenta a vida frente a um Estado que não cuida e a um mercado totalmente explorador e violento. Esta é uma luta feminista porque não tem como ter igualdade e justiça, não tem como acabar com a opressão das mulheres e com o racismo sem acabar com o capitalismo e com o poder das transnacionais”, disse ela.
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